Em um relacionamento sério com "Torre de Babel"

Sabem aquela novela que faz com que ansiamos o próximo capítulo? É exatamente esse sentimento que a reprise de Torre de Babel no Canal Viva está despertando em mim. Com uma trama policial amarrada e um elenco ímpar, o folhetim de Sílvio de Abreu pode ser considerado um dos melhores já exibidos nos anos 90. Ainda que tenha sofrido problemas iniciais, circunstâncias que nem mesmo eu considero problemáticas, mas que afugentaram o público, Torre de Babel é um dos melhores exemplos de superação de uma novela, os ajustes realizados foram cordiais, ao contrário do que acontece atualmente, onde as mudanças feitas são capazes até mesmo de aniquilar uma trama inteira, vide Babilônia.
Um dos grandes triunfos do folhetim é a quantidade reduzida de núcleos e a conexão entre eles, o que possibilita espaço para que todos os atores brilhem, com destaque para Tony Ramos, Tarcísio Meira, Glória Menezes, Claudia Raia, Adriana Esteves, Juca de Oliveira, Christiane Torloni, Maitê Proença, Natália do Vale, entre outros.
A complexidade dos personagens é mais um ponto a favor, o maniqueísmo passa bem longe de perfis como Clementino, Sandrinha, Rafaela, Clara, Angela, Guilherme... Enriquecendo dramatúrgicamente todo o enredo.
Os recursos utilizados para prender a atenção do telespectador também merecem menção, uma vez que, a novela nunca vai para o intervalo comercial sem um gancho e a competente direção de Denise Saraceni faz questão de imprimir todo o clima de suspense à história através da sonoplastia e outros elementos.
No mais, a trilha sonora é maravilhosa, tanto a nacional quanto a internacional. "Vambora" de Adriana Calcanhoto; "Eternamente" de Fafá de Belém e "Pra Você" de Gal Costa são as minhas canções favoritas e não deixaria de citar hits como "Immortality" de Celine Dion ; "Corazón Partío" de Alejandro Sanz e "Con Te Partiro" de Andrea Bocelli.
O que me causa receio é a possibilidade da novela não continuar tão excelente depois da explosão do shopping, a aguardada virada que pontuou todas as mudanças e eliminou os personagens considerados "controversos". É de se lamentar que a ótima Rafaela (brilhante composição de Christiane Torloni) também entre nesse festival de mortes. Espero que a trama mantenha a qualidade mesmo depois do famigerado acontecimento.